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RESENHA | Enterre seus mortos, da Ana Paula Maia

Por Bárbara Sobral •
terça-feira, 28 de janeiro de 2020


Hey, Mates! Tudo bem com você?

Eu trago hoje (o amor! mentirinha! HAHA) a resenha mais esperada desse planetinha: minha primeira leitura de 2020!



                                                   




TÍTULO: Enterre seus Mortos
AUTOR: Ana Paula Maia
EDITORA: Companhia das Letras
PÁGINAS: 136
ANO: 2018
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Solicitei Enterre seus mortos para a Companhia das Letras através do Net Galley. A capa me seduziu e me arrependo de ler a sinopse, ela diz MUITO sobre a história - na real, ela é um resumo da novela inteirinha. Leia por sua conta em risco.

Começaremos do princípio que o nosso protagonista é Edgar Wilson, um homem pacato que vive em uma cidade onde nada acontece. Ele trabalha para o órgão responsável por recolher animais mortos na estrada e levá-los para serem triturados. Acompanhamos o seu cotidiano com desconfiança. O ambiente inóspito não é atraente, a solidão extrema dos personagens é um tanto sufocante e a naturalidade que os personagens lidam com a morte dos animais é aterrorizante; Edgar é uma exceção a esse último. Além de Edgar e seus colegas de trabalhos, a história tem a presença de Tomás, um ex padre excomungado pela Igreja Católica que tem um passado nebuloso, busca por redenção e é um amigo para o protagonista.

O cotidiano sofre uma ruptura quando Edgar encontra o corpo de uma mulher enforcada na floresta. Sua posição lhe impede de levá-la para o depósito - eles só podem levar animais mortos - e o rabecão da cidade mais próxima está quebrado. Deixá-la ali seria como deixar um prato de comida para os abutres. Edgar toma uma decisão extrema colocando seu emprego em risco. Sem conseguir solucionar a situação da mulher sem nome, é encontrado o corpo de um homem e Edgar precisa tomar uma decisão: manter esses corpos clandestinamente protegidos dos animais ou levá-los por conta própria para um necrotério para garantir que eles terão um descanso.

Ir além disso seria um risco. É uma novela curtinha, mas de difícil leitura. A escrita de Ana Paula Maia não tem culpa nisso. Ela tem uma escrita fluída, sem maneirismos e direto ao ponto, sucinto, MAS a história é densa, em alguns momentos arrastada, sem delicadeza alguma, sem pormenores. Coloca o homem no papel do homem: apático e brutal. Edgar é uma exceção, Tomás é um homem perturbador. E quem é você quando termina essa leitura?

Não é uma história que você terminará com um gostinho de satisfação. Te faz pensar nas escolhas que nós fazemos, as pequenas escolhas, sabe? Te faz questionar se essas escolhas fazem alguma diferença no todo, para você.

Meu único problema foi a imersão. Eu demorei metade da novela para me conectar com a trama e os personagens. Fiquei com uma expectativa que teria elementos do terror/horror/sobrenatural, mas no final, não rola nada disso. A capa me passou essa impressão e um tiquinho da sinopse. Essa expectativa acabou me deixando com uma sensação de que algo mais rolaria, então eu ia lendo e sentindo que SERIA AGORA a grande virada. E não acontecia bulhufas. Isso me decepcionou um pouquinho.

É uma novela rápida, interessante e diferente do que eu estou habituada a ler. Recomendo para quem gosta de uma leitura soturna sobre a natureza humana.

Um grande beijo da Bárbara Herdy.


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