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CRÍTICA | Doctor Who (Season 08) - 08x07 • Kill The Moon

Por Bárbara Sobral •
quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Erro meu? Erro seu? Erro nosso?

'Doctor Who' tem apresentado uma leva de ótimos episódios com roteiros interessantes e personagens cativantes, a série vai caminhando para uma de suas melhores temporadas na Serie Atual.
'Kill The Moon' é mais um episódio com ares de filler, mas que traz em seu cerne importantes questões; Clarita consegue liderar sem o Doctor quando necessário? Capaldão está de brincadeira com a sua cara quando a larga nos piores momentos? Quando a Courtney morre? É a lua uma galinha enrustida? Por que as roupas dos astronautas são laranja e, não azul, mates? Com essas perguntas sobrevoando por todo o episódio, 'Kill The Moon' caminha como um dos melhores episódios da temporada, entretanto, questiono vos: O que acontece quando você sabe que o episódio foi bom, mas não gosta dele e, não sabe o motivo e, já não é a primeira vez?

Em 2049, O Doutor, Clara e a jovem Courtney Woods caem de paraquedas em uma decrépita nave em que seus tripulantes encontram-se em uma missão suicida em direção a lua. Ao colidir com a superfície lunar, eles encontram uma base de mineração cheia de corpos eviscerados, na escuridão das cavernas criaturas aracnídeas espreitam e um terrível dilema pesa sobre os ombros das 03 mais importantes mulheres do mundo. 

O episódio já começa com um tiro na cara do telespectador: Clarita faz um apelo desesperado ao planeta terra a tomar a mais importante decisão da humanidade, que ela, sozinha não pode tomar e todo o planeta tem apenas 40 minutos para resolver isso. Com o relógio em ação, o episódio começar e rebobina os eventos, nos contando os momentos que antecederam aquele desesperado pedido. Tudo já começa errado com Clara enchendo os colhões escoceses de Capaldão a falar com a jovem Courtney que ela é especial, já o nosso Doctor deixa claro a Clarita que Courtney não tem nada de especial. Ponto. Trauma eterno para a garotinha.

Percebi que nessa temporada essa questão está sendo muito sentida por Clara: Ela tem a cada dia se sentindo mais como um acessório a Doctor do que uma companhia e essa troca emocional está colocando-a em uma situação perigosa onde o Doctor passa de amigo a uma pessoa que ela não conhece de nenhum ângulo e, com isso, não só a personagem sofre um retrocesso, pois isso já foi comentado no inicio da temporada e solucionado, como nós também ficamos instáveis em nossa opinião. Será que Clarita tem razão? Será que Capaldão é ranzinza, distante e insensível demais e ele precisa mudar? Será que quando o Eleven (#RipMattSmith) que ela precisava ajudar aquele novo Doctor, ele não estava apenas reforçando que ele necessitava de uma Companion e não um GPS emocional? Vamos ver se essas indagações serão em algum momento exploradas no futuro da série.

Voltando a Courtney, Capaldão está firme em sua decisão de que não tem nada a dizer a garotinha de Coal Hill School. Por que isso deveria ser relevante? Clarita explica e Doctor apenas rejeita. Talvez, Clarita esteja lembrando da época em que 'Em 900 anos eu nunca encontrei uma pessoa que não fosse importante'. Como o mesmo homem pode ter ido disso àquilo num espaço de tempo tão curto?  Bom, mesmo não ouvindo Clarita, Doctor leva as duas para uma viagem não planejada ao Universo. Claro que com a sorte de Capaldão, eles acabam caindo em uma nave que está praticamente despencando na lua e sim, eles estão em uma missão suicida. Tem como piorar? Claro que tem! Insira corpos e aracnídeos sanguinários na formula e voilá, teremos os 20 minutos mais aterrorizantes do episódio.

Não me olha como se eu fosse o Google, Clara!

Metade do elenco de apoio vai para o Nosso Lar nessa, enquanto o nosso Capaldão com ajuda de Clarita, Courtney e a astronauta Lundvik (a ótima Hermione Harris) tentam desvendar o que está acontecendo na Lua. É um ataque alienígena? Ou eles é que são os alienígena na moradia alheia?

Nesse meio tempo conhecemos melhor Lundvik que, não apenas questiona a autoridade do Doctor (Percebam: os melhores personagens secundários de Doctor Who tem essa característica.) como também, diferente dos seus colegas, não tem nenhum motivação para retornar a Terra, assim não existi 1% de si que teme a morte. Courtney Woods é explorada um tiquinho nesse episódio, continuo não gostando dela e não entendo o porquê de quererem dar tanto foco nela. A personagem está no mesmo patamar que Danny Pink: é um personagem interessante, mas clichê e a jovem atriz não ajuda muito.

Quando o Doctor decidi fazer o esquizofrênicozinho revoltado com a vida louca e se manda largando o trio mulheres em ação em um planeta que está prestes a explodir em uma criatura desconhecida e elas tem em mãos um grande dilema: Matar ou não o ser desconhecido? Os holofotes focam em Clarita e, mais uma vez, temos um episódio focando na humanidade da personagem que se vale das lições aprendidas com o seu mentor e com aquilo que ela considera o correto.
Vemos que ela pensa e considera todas as possibilidades, amadureceu, não se vale de um outro alguém, mas a partir de seus conhecimentos de certo e errado toma decisões rápidas, em nenhum momento tira a autoridade de Lundvik por considerar mais capaz, muito menos, deixa de ser justa com todo os moradores da Terra e os coloca em uma posição de escolha junto a si.
Ela, literalmente, tira as rodinhas de sua bicicleta e, mesmo, meio cambaleando, encara o horizonte com medo de dar de cara no concreto, mas se não tentar, como ela saberá se dará certo?

Eu acho que já estive aqui ... em outra regeneração beeeeeeeeem cinza.

Ela tenta trabalhar unida a astronauta, tendo o apoio de Woods que, com sua jovial mente, mostra algo que os olhos adultos não vem: É certo matar algo desconhecido, mesmo que num primeiro olhar seja inofensivo? Se o plano de Clarita falhar, tudo será como a astronauta planejou, mesmo que isso signifique a morte do trio.  A Terra inteira mostra descrença na criatura e dá o seu veredito.
De qualquer modo, isso torna-se irrelevante quando a impulsiva Clarita quase dá um kamehameha na bomba da Astronauta e faltando 5 segundos para acabar o segundo tempo Capaldão surge tragando o trio para dentro da tardis. Devastada, é a melhor palavra que descreve Oswin. Mesmo com todo o discurso bonito e apaixonado de Capaldão naquela belíssima praia (parecia muito com a de Doomsday #parei) sobre dar uma chance ao desconhecido, Clarita, diferente de Woods e Lundvik, não se mostra nem um pouco convencida pelas palavras do homem que um dia chamou de amigo, na realidade, ela está visivelmente arrasada.

Entretanto, quando questionado sobre o que aconteceria no futuro, Doctor explica que não é tão fácil lembrar de tudo que ele já viu, ouviu e viver que, as vezes, alguns momentos se revelam em cinza para ele.  Compreensível, já que qualquer alteração no passado e presente podem alterar consideravelmente o futuro, lembrar-se de tudo, seria impossível, pois a menor mudança, poderia alterar todo o curso da história. Lembrar em cinza é uma alusão aos sonhos, ao incerto, ao que pode ser modificado. Eu não acreditei nadinha no futuro visto por Capaldão. Ele não estava confiante ao relatar aquilo, era como se ele soubesse que havia algo errado ali. Uma peça faltante, algo que se ele contasse poderia alterar tudo e ele, acima de todos, não podia fazer isso. Clara viu isso.

Eu estou precisando do 'Guia para entender a mente de Clara Oswin' URGENTE!
Não entendo Clara. Ela não aceita as mudanças de Doctor. Ela não reconhece o antigo amigo e nem ao menos, dá uma chance ao novo. O coloca em uma posição de egoísta e insensível, mas ela é egoísta quando exige dele uma pessoa que ele não é mais. Ela prefere considerar suas ações erradas, incertas e injustas se coloca numa posição ofendida e magoada e, não dá a Doctor a chance que ele merece de tentar ser o homem que ele deve ser. Doctor estava errado em ter largados as no planeta prestes a explodir em um monstrinho bizarro? Sim, mas ele não é o Ninth, Tenth, Eleven que, iria ficar lá até o último segundo. Ele é o Twelve e ele preferiu ir embora só, pois ninguém quis ir com ele. Deixou a decisão nas mãos delas, pois ELE não queria se responsabilizar por algo que ele não sabia o que iria acontecer. Ele não tinha a menor ideia do que fazer naquela situação, pois ele não se lembrava. Quando ele não tem certeza, ele opta por se afastar. Clara não vê que o Doctor não está fugindo, está sendo humano. Está, apenas, temendo suas ações. É errado? É egoísta? Pode ser, mas é a escolha dele do mesmo modo que foi escolha de Clara ficar e fazer o que ela achava certo.

Voltamos a metáfora jogada por Capaldão sobre precisar tirar as rodinhas de Clara. Em todas as temporadas Doctor precisa tomar decisões terríveis para si, pensando no bem do próximo (Abandonar Rose em outra dimensão, Apagar a Memória de Martha, Deixar Rory e Amy partir em para poderem ter uma vida em outra época, mesmo que isso significasse em não poderem mais existir nesse tempo, Martha escolher deixar o Doctor para o seu bem, ...). Entretanto, todas as companions de Doctor apenas o seguem em tais decisões, concordam ou discordam e, raramente são colocadas como juízas, mas quando elas se encontraram com um dilema em suas mãos em algum momento determinante de suas alianças e nesse momento que, Doctor e o público, descobrima em que lugar aquela companion se encontrava. Preparada ou não? Justa ou não? Pronta para desprender-se do ninho e ir ou ainda precisa de certa dependência? Clara está em lugar nenhum. Ela tem se mostrado tão decidida nessa temporada e, do nada, ela se mostra a mais dependentes das companions. Ela sempre se vale das decisões do Doctor. Na realidade, ela busca por ele em todas as suas ações com esperança que ele irá salvá-la das pequenas encrencas em que se mete. É como um jovem adulto que não sabe a quem escutar: a sua liberdade ou ao caminho ainda direcionado pela sua família. Doctor não está sendo duro com Clara. Ele apenas está preparando a para a dura realidade de que ele não estará para sempre com ela e, em algum momento, tudo pode tornar-se escuridão e ela terá que ser a pessoa a tomar a pior decisão pelo bem dos outros, mesmo que isso signifique que ela saíra perdendo. Clara teme ser abandonada. Doctor teme que Clara não esteja preparada.

O verdadeiro significado de 'Kill The Moon' é, que, não importa quanto tempo leve para isso acontecer, quando você estiver pronto para rumar em seu próprio destino, você naturalmente o fará.

'Ele tirou as minhas rodinhas e agora eu não sei o que fazer'. Nessa semana no Casos de Família.

Danny Pink fez uma breve aparição para dar estrutura emocional a abalada Clarita que, após brigar com Doctor, está entre a cruz e a espada. Largar o Doctor e seguir sua convicção ou acalmar-se e ver como um todo o que se passa? Danny reforça o seu papel de amigo e base a Clara no mundo real e eu gosto muito disso. Repito: Ele funciona quando está com Clara.
Clarita chegou em seu limite e sente que não há mais condições psicológicas de seguir ao lado desse homem frio e ranzinza. Ela tomou uma atitude.
Entendo desentendendo as suas motivações, mas acredito que isso será crucial para a temporada, pois o Twelve não veio na forma mais dura, ranzinza e insensível a toa. Da mesma forma que todas as trilhões de referências das outras regenerações tacadas em nossa cara seja apenas um presente dos roteiristas aos fãs. Tudo isso tem um motivo. Capaldão não precisa mudar. Clara precisa entender. E, como acredito, os motivos precisam ser ligados ao enredo foco, misterioso, dessa temporada.

Tivemos um ótimo episódio, não foi o meu favorito, mas não tira a minha crença que esse será um dos episódios mais importantes da atual temporada. Peter Capaldi marca como um dos melhores atores a interpretar um Doctor e Jenna Coleman se firma como uma das mais sensíveis e determinadas companions dessa geração. O que virá a seguir? Bom, eu ouvi falar em MÚMIAS! Você está pronto, mates?

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