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RESENHA | As Violetas de Março, de Sarah Jio

Por Bárbara Sobral •
sexta-feira, 5 de setembro de 2014



Livro: As Violetas de Março
Autora: Sarah Jio
Tradutor: Ronaldo Luis da Silva
Editora:  Novo Conceito
Edição: 1º | 2013
Onde ComprarSaraiva Submarino
Páginas: 302
Sinopse: Emily Taylor é uma mulher jovem e escritora de sucesso, mas não gosta muito de seu próprio livro. Também tem um casamento que parece ideal, no entanto ele acabará em divórcio.Sentindo que sua vida perdeu o propósito, Emily decide fazer as malas e passar um tempo em Bainbridge — a ilha onde morou quando menina — para tentar se reorganizar.
Enquanto busca esquecer o ex-marido e, ao mesmo tempo, arrumar material para um novo — e mais verdadeiro — livro, um antigo colega de escola e o namorado proibido da adolescência tornam-se seus companheiros frequentes. Entretanto, o melhor parceiro de Emily será um diário da década de 1940, encontrado no fundo de uma gaveta.
Com o diário em mãos, Emily sentirá o estranhamento e a comoção causados pela leitura de uma biografia misteriosa que envolve antigos habitantes da ilha e que tem muito a ver com sua própria história.
Assim como as violetas que desabrocham fora de estação para mostrar que tudo é possível, a vida de Emily Taylor poderá tomar um rumo improvável e cheio de possibilidades.
As Violetas de Março é um romance sobre a força do amor, sobre as peças que o destino prega e sobre como podemos ser felizes mesmo quando tudo parece conspirar contra a felicidade.




Uma amiga me emprestou esse livro no começo do ano, me dizendo que era a minha cara, pois a protagonista era uma escritora, buscando inspiração para escrever o seu próximo romance, após a sua vida amorosa dar um giro de 360º com o pedido de divórcio de seu marido. A ideia era lê-lo nas minhas férias, mas não rolou. Não estava no clima de ler romances. Fiquei assim por 06 meses. É claro, o dia de lê-lo e cheguei a conclusão de que: se eu o deixasse na estante por mais um tempo, não iria perder muita coisa, MAS a leitura foi proveitosa. Como assim, tia Barbie? Bom, não é um livro profundamente viciante com uma história super redondinha com personagens que mexem com você. É uma história boa com personagens comuns e previsíveis, mas que te envolvem, graças a escrita gostosa da autora que torna a leitura ágil e agradável.

A história começa com Emily Taylor vendo o marido, Joel partir para viver sua vida ao lado do seu novo amor, terminando um casamento de anos e deixando Emily desolada. Para piorar, Emily é uma escritora best seller que não conseguiu deixar as sombras do seu primeiro romance, e não consegue escrever um novo livro de jeito algum. Sua melhor amiga, Annabelle lhe incentiva a seguir em frente, recomeçar sua vida, como Joel e ela mesma, que está terminando um relacionamento com Evan, o cara que ela acreditava ser o certo para si. Divorciada e com o convite do casamento de seu ex em mãos, Emily parte para Bainbridge Island, pequena ilha próximo a Seattle onde toda sua família deixou uma marca na história.
Emily se hospeda na casa de sua tia Bee, distante e cheia de segredos, Emily se adapta a sua vida, enquanto busca se integra ao clima daquela ilha, tendo contato com novas pessoas como Henry, revendo um antigo amor, Greg, e conhecendo, Jack, o homem que rouba o seu coração com um breve olhar e algumas coisas simples em comum. É quando Emily encontra um diário de capa aveludada vermelha, que enche o seu coração de encanto e sua alma de curiosidade, e é claro, deixa o leitor com os olhos pregados de curiosidade com cada página mágica contando a misteriosa e avassaladora história de Esther.

O livro de Sarah Jio mescla a história do passado de Esther, protagonista das páginas do diário vermelho e sua vida amorosa com Bobby e Elliot, e é claro, a vida presente de Emily Taylor com seu separamento, crise de escritora e seu encantamento ao reviver um amor raso de colegial com Greg e em se ver apaixonada pelo misterioso e proibido Jack.

'As Violetas de Março' é um livro delicioso de se ler. Engrenar na leitura foi hard. Os primeiros capítulos são lentos, mas depois da página 50 e pouquinho fiquei necessitada de um pouco mais de Emily e Esther. Como disse acima, a leitura é ágil e agradável, graças a escrita de Sarah que é simples, sem embromação e longas descrições. Ela simplesmente é direta. 

O que tem seu lado positivo, mas traz uma negatividade desagradável: eu não me envolvi com os personagens. Isso é algo muito pessoal, mas não me senti amiga de Emily ou curiosa com seu futuro, pelo contrário, eu me questionava como ela poderia estar tão focada em desvendar uma história do passado de sua família, quando seu presente estava tão confuso e fora das rédeas. Entendo a sutileza da história de Esther na vida de Emily e qual foi a intenção de Sarah ao relatar essas grandes histórias, contudo, eu senti que faltou algumas explicações e pequenas pontas soltas envolvendo os personagens.

Começando por Emily: É mais fácil ignorar as dores do passado e continuar vivendo, mas ... tem alguns detalhes da sua história que achei que foram contados com muita superficialidade. Ela não chorou pelo termino de seu casamento. Ela julgou Joel por ter a trocado por outra, mas ela saiu com dois homens em uma passagem curta de tempo e se apaixonou profundamente por um deles. Nada contra, cada pessoa lida com os términos, vivem seus lutos de um modo pessoal, mas eu achei que como esse foi o passaporte para o inicio da história de Emily, ele deveria ter sido melhor explorado. Do mesmo modo que não gostei do retorno de Joel em sua vida. Foi apenas para ela dar a volta por cima e fazer aquilo que Esther não teve coragem? Teria tido mais significado para mim, se ela tivesse vivido com mais intensidade o luto do seu divórcio. 

Sobre os relacionamentos de Emily também os considerei muito superficiais, o único que foi melhor explorado foi o dela com sua tia e mãe; eu sentia o quanto ela amava e gostava da companhia de Bee, mas eu sentia que havia uma barreira entre elas, que só foi quebrada ao fim do livro. Sua mãe é descrita como distante em sua vida e em todo o percurso da história é isso que vemos. Agora sobre seu relacionamento com Greg e Jack, o primeiro achei estranho e desconfortável, como Sarah mesmo explorou, mas não deu sequer uma conclusão ao provável casal, apenas terminou. Já o segundo, por mais doce e gostoso tenha sido o relacionado deles, eles não me moveram. A relação de Emily com os segredos de sua família foi um dos pontos altos da leitura. A leitura do diário de Esther é o que deu movimento a história e um sútil mistério. A curiosidade de Emily com o destino e segredos envolvendo sua vida torna a leitura viciante e envolvente, o que insere o leitor no universo da protagonista, mas assim que isso é concluído, percebemos que as coincidências envolvendo sua vida presente e o passado de Esther são um sinal de que o destino é um grande planejador, mas ainda assim, somos donos do nosso futuro e é isso que Emily Taylor aprende - e nos ensina - durante o mês de trajetória de sua nova vida que ela pode sim desenhar sua vida de acordo com os mistérios, segredos e surpresas que são entregues dia após dia e seguir, de acordo, com o que seu coração lhe pede.  

O livro é bom? Sim. Envolve? Em algumas partes, sim. Vale a pena ler? Vale. Não é para esperar um grande romance, é uma história de amor do cotidiano com um pouco de mistério e surpresas que a vida nos dá todos os dias. É um livro tranquilo, gostosinho de ler e ideal para curti-lo durante uma viagem ou em um momento, em que a vida está te empurrando na lama, e você precisa se lembrar que o seu destino não está orquestrado por mistérios do passado e sim, reservado em seu coração.

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