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CRÍTICA | Doctor Who (Season 08) • 8x01 - Deep Breath [Season Premiere]

Por Bárbara Sobral •
domingo, 31 de agosto de 2014
Segura a minha Tardis! Mr.Capaldão chegou!

Eu estava morrendo de saudades de 'Doctor Who' (vide Eu estou morrendo de saudades de 'The Walking Dead) pela primeira vez irei acompanhar a série junto com o público britânico, então segura a minha alma, mate! Vou perder tudo que tenho de estrutura com essa temporada.

Esse episódio foi espetacular.
Pronto, fim de resenha. 


Mentira, volta aqui, deixa eu falar um pouquinho sobre.
Para mim foi uma das melhores apresentações a um novo Doctor na série atual. É estranho começar uma nova temporada com um novo rosto como Doctor, e naturalmente, uma nova personalidade. Até nos acostumarmos leva um certo tempo. Veja bem: quando trocaram Eccleston pelo Tennant eu me acostumei em menos de 20 minutos de episódio, mas do Tennant para o Smith só me acostumei lá pelo 5º episódio. Ouso dizer que em menos de 30 minutos de episódio eu me encontrava enfeitiçada pelo Sr. Capaldão, que chegou em Doctor Who, querendo colocar ordem na bagunça dos seus antecessores. 



''Olha bem para minha cara, vê se eu tenho estruturas para passar por isso MAIS UMA VEZ."


Clara ainda é a sua companion. Note que eu digo isso com certo desgosto. Não consigo gostar da Oswin e acho que descobri o motivo. É, claro, o roteiro. Não apenas Capaldão chegou nesse episódio dando uma renovada no comportamento do Doctor, como Clara retornou com mais atitude, determinada e útil. Desculpe a quem gosta da Clara, mas para mim, a utilidade da personagem sempre foi algo questionável. Sempre achei o plot dela ser a garota impossível forçado demais, MAS é a minha opinião. ENTRETANTO, em 'Deep Breath' eu senti que Clara mudou - ou talvez, eu. Senti que ela retornou com uma postura diferenciada e a própria Jenna Coleman pareceu mais confortável na personagem. Ela merece uma salva de palmas por toda a cena no fosso dos Clockwork Droids  e no emocionado telefonema com um antigo amigo. E sim, eu senti uma química muito maior entre ela e Capaldão do que com ela e Smith. Como disse, Jenna está agora mais confortável em sua personagem e isso dá um outro segmento a série.

'Deep Breath' começa com a TARDIS caindo na Terra, ao ser cuspida por um dinossauro. O novo Doutor não está em seus melhores momentos, como esperado, mas por sorte, ele caiu em uma época boa com amigos para ajudá-lo: Madame Vastra, Jenny Flint e Strax. 



Essa turminha da pesada está ansiosa para ganhar um Spin Off!

Aproveito para dizer que esse é um dos melhores trio de aliados que Doctor Who já teve. Jack é menção honrosa, MAS esse trio é sensacional tanto nas tiradas cômicas, de ação e nos diálogos com um significado profundo para algum personagem. Bom, se você pensa que o T-Rex é o maior dos problemas do Doctor e seus amigos, está enganado. Existe um terror percorrendo as ruas de Londres, um vilão que não pertence a esse mundo.   


Don't Breath é o novo Don't Blink!

Os Clockwork Droids chegaram com tudo, sendo mais assustadores e perigosos do que em The Girl in the Fireplace, mas não tendo o elemento de terror e mistério que existia em seus amiguinhos Weeping Angels. Eu senti uma pequena tentativa de Moffat de modelar os Clockworks Droids em Weeping Angels. 
Por que?
Simples: eles são assustadores, não tem uma forma de eliminação prática e se proliferam em volta de seres humanos com uma agilidade maior que de Gremlins.


O episódio não foi uma apresentação a Capaldi, mas sim, uma apresentação a todo o Universo que irá girar em torno desse novo Doctor. A sua nova TARDIS é prova disso. As suas dúvidas existências é uma demarcação de seu crescimento como homem e herói. 

O vilão da semana aqui não é o T-REX no meio da Londres Vitoriana e o que ele pode vir a fazer com o tempo e espaço e sim, o que ele trouxe consigo, a sua dor pela solidão, bem similar ao do Doctor e como ele foi recebido pelo verdadeiro vilão, que por mais simples seja, trouxe consigo uma nova história e um cliffhanger do verdadeiro foco dessa temporada. Missy e o seu paraíso são claramente o lugar que irá atrair o Doctor para um embate decisivo.
Aproveito para falar logo de uma das coisas que mais amei em todo esse episódio: AS REFERÊNCIAS! Se eu vi umas 300 referências assistindo uma vez e lendo comentários descobri outras 1.000, imagina se eu assistir novamente?

Teve MUITAS referências a todos os últimos anos do Doctor, principalmente a Donna e a Amy ('sinto falta da Amy nesses momentos' é, Doctor, somos dois!) Tivemos menções honrosas ao Tenth e a Rose, mas deixa eu destacar as mais interessantes:



• Ah, eu percebi essa Moffat! Quem lembra de quando Rose diz ao Nine que quer comer Fish and Chips e que ele que vai pagar? Bom, tivemos uma cena bem similar no final do episódio. Muitas pessoas dizem que Clara é uma tentativa de Moffat de criar uma Rose 2.0. Discordo, para mim, Clara é Clara. Alguém que se assemelha a Rose, mas são duas pessoas completamente diferente, e esse dialogo, deixou isso bem claro.


• Esse daqui é o anel que do Eleven?


• Oh, Madame de Pompaudour! Ele não entendeu a referência. Poor Doctor!


• Outra referência demais vou deixar aqui nesse link, assim você pode tirar suas conclusões por conta própria sobre a dimensão dessa nova temporada.


• Teve uma referência breve ao terceiro e quarto Doctor (da era clássica) o que reforça um comentário de que esse Doctor teria um pouquinho desses dois doctor's.


• A ligação também é uma grande referência a Season Finale passada em que Clara encontra o telefone da cabine caído misteriosamente, nenhum questionamento foi levantado sobre isso, mas agora essa cena faz o maior sentido universal.

Moffat sempre aproveita algum tema já discutido ou um cenário antigo, misterioso que teve um final com pontas soltas. Nada é por acaso. Me irrita muito quando certos 'pseudos fãs' acreditam que Doctor Who TEM que fazer sentido. Não, não tem! São 50 anos de série em que seu protagonista é um homem, que muda de face, e salva as pessoas, sem ser considerado um herói. Ele tem ajudantes, aliados e inimigos. Normalmente, algumas ideias ficam soltas, mas isso não quer dizer que não podem ser aproveitadas no futuro. Um T-REX no meio da Londres Vitoriana e isso não afetou em nada no tempo e espaço? Bom, NESSE MOMENTO da série, não, mas quem sabe o Doctor não viaje para um plano em que isso afetou de algum modo? Lembre-se: O Doctor vai para onde ele é necessitado, ele raramente escolhe e quando escolhe, normalmente, não dá certo.


Eu acho que não sou do tipo de abraços nessa forma. 

Acho que o grande impacto desse episódio é a nova personalidade de Doctor x Clara (e nós). Todo episódio é uma grande mensagem ao público de que: Capaldi é o nosso Doctor e precisamos recebê-lo e ajudá-lo a se acostumar com seu novo corpo, que nem deveria existir, mas que está aqui e agora não é momento de perguntar o por que e sim, de vivê-lo. Capaldi vem com uma força extraordinária nesse episódio, entregando talvez, um dos melhores episódios de retorno de um novo Doctor.

Jenna, como disse, está confortável como Clara. Depois de tudo que ela viveu na última temporada e no especial, é meio estranho que ela tenha ficado tão assustada e desconfortável com esse novo Doctor, fazendo um drama digno de novela mexicana, mas as pessoas estão se esquecendo que Clara é a garota impossível, que simplesmente surge na vida do Doctor para salvá-lo, MAS que no fundo, ela nunca os conheceu como ela teve a chance de conhecer o último e vê-lo 'renascer' num novo corpo e personalidade, mas com a mesma mente e coração, como seu antigo amigo a relembrou. Moffat criou toda essa comoção da parte dela, como ele disse, por isso nunca ter sido tentado antes. Muita gente reclamou, mas eu gostei - e muito. Cada Companion tem uma reação diferente, porquê com Clara haveria de ser diferente? Rose também não aceitou numa boa de primeira. Ela ficou desconfortável, ela só tinha uma sensibilidade, paixão e um coração mais puro por aquele homem, por isso, ela tão logo se permitiu acreditar que aquele rosto pertencia ao mesmo homem. Se coloque no lugar da Clara: ela viu o Doctor passar pelo inferno, de repente ele se transforma nesse novo homem que se mostrou completamente distante dela, frio e que para piorar a abandonou na pior hora possível? Não é tão fácil acreditar que ele é a mesma pessoa de horas atrás, certo? Ela simplesmente não sabe. Ela esteve em cada uma das vidas deles, mas não sabe como é ter vivido cada uma delas, pela primeira vez, ela pode dizer que conheceu um deles verdadeiramente e agora, ela precisa confiar nesse novo homem e salvá-lo dele mesmo. É difícil, mas compreensível. Clara não é a Rose, muito menos a Amy, Donna e Martha. Clara é a Clara. Forte, sensível e impossível Clara e ela está deixando a sua marca aqui. Apenas preste atenção.

Isso é uma lembrança aos mais aficionados pelo Matt Smith que esse Doctor tem a mesma alma do anterior. Não é uma substituição, é uma evolução natural. Fizeram isso quando Tennant saiu e vão, com certeza, fazer isso quando Capaldi partir. Uma mudança não quer dizer que é um fim e sim, um novo começo e o passado sempre estará lá para um breve retorno (vide o especial de 50 anos e é claro, esse episódio mesmo)

Em todas as novas regenerações a consequência natural é a confusão do Doctor, o que é sempre uma ótima jogada para o novo ator se apresentar. Eu senti que tivemos um novo Doctor com menos maneirismos, e mais questionamentos pessoais e nesse momento, isso funcionou muito bem. O Tenth foi charmoso em seu corpo, o Eleven parecia uma criança com DDA e o nosso Capaldão? Ele não se mostrou preocupado em como ele aparentava em nenhum momento e sim, estava curioso sobre de quem era aquele rosto. Quem é o homem por trás daquele novo rosto e o que ele é capaz de fazer?  
Já vimos que ele é capaz de fazer coisas soturnas e perigosas. Matar não é um problema para ele, muito menos, abandonar alguém importante para conseguir ter uma vantagem.



Esse Doctor veio com uma carga emocional pesada, soturno, tem como missão conquistar um público fiel e de levar Doctor Who a um novo nível sem perder a sua essência. Parece um fardo pesado para Capaldi, mas, ouso dizer, ele está mais que preparado para essa missão, como seus antecessores, ele tem o que é necessário para ser o nosso Doctor e quer nos mostrar isso. 



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