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Aleatoriedades e um café, por favor | É eterno enquanto dure

Por Bárbara Sobral •
sexta-feira, 31 de agosto de 2018



Escute ao som de Horizon, do Andrew Belle.
Tema sugerido por Delson Neto (@delsices )

Em algum momento da sua vida você deve ter escutado uma música e imaginado todo um clipe onde você era a estrela e a música a sinfonia regendo sua história ali contada em alguns minutos.

(Se você nunca viveu isso, por favor, coloque os fones de ouvido, encosta a cabeça na janela da música e se entrega ouvindo uma música que arrepia os cabelinhos da sua nuca. Faça isso por mim.)
Músicas contam histórias. Sobre um amor impossível, sobre uma família, sobre uma história contada através dos séculos entre seus descendentes, sobre o término, sobre um sonho. As possibilidades são infinitas, o que não surpreende, pois tudo que envolve escrita te leva a um leque de possibilidades. De como narrar uma história, de porque contá-la, para quem contá-la. Qual seria a diferença entre elas? A música tem harmonia, ela te leva a viver uma emoção através de um ritmo e uma voz (o que não impede que outros ritmos te leve a sentir novos sentimentos). Um livro narra uma história e a sua harmonia são os personagens e as suas vozes narram a história nos seu ritmo com sua emoção. E elas nos move ao contar as suas histórias que, encontram um meio de serpentear com nossas próprias narrativas e nos aproxima de nós mesmos.

Musica tem algo de eletrizante, como aquela sobrecarga que trás o Frankenstein a vida. Quando eu escuto uma canção, eu sinto que sou despertada de um sono longo demais e levada para um lugar que é só meu. Sabe aquela história de que todo escritor vê seus livros como filhos? Quem se nega a aceitar isso não encontra a beleza de ser capaz de dar a luz a personagens, histórias e mundos que existirão na vida de qualquer pessoa que for atraída ao alcance daquele texto. Entregamos essas palavras ao mundo e torcermos para que quem tenha a oportunidade de conhecê-las, respeite sua vivência exposta duramente nas suas páginas e deixe o texto partir, se permitindo também expor suas camadas para as outras pessoas e deixando elas irem e naturalmente, permitindo-se evoluir.

Evolução acontece por conta de uma reação ou consequência a algo ou alguma coisa. Os livros e as músicas não são diferentes de nós quanto a isso. Elas precisam de uma reação externa para evoluírem, só que é aí que mora a nossa distinção. Se podemos nos afetar por qualquer coisa em nosso redor, os livros e músicas se afetam unicamente por conta de nós, pois se elas existem em primeiro lugar, é porque nós também existimos e muitos de nós nascem com essa capacidade surpreendente de contar histórias que nunca aconteceram, criar sons e ritmos que ninguém nunca escutou antes, mas movido em nossas mãos, elas se tornam reais e viajam através do tempo para o que é eterno e desconhecido.

E nós estamos aqui vivendo entre textos, ritmos, letras, vozes que irão perpetuar por um espaço de tempo que nos é incapaz de calcular e impossível de viver, mas alcançável.

A eternidade são os livros que deixamos para trás depois de partir. São as musicas que baixinho contam uma história triste de amor. São as sinfonias orquestradas que podem contar a história que seu coração quer e precisa ouvir. São as esculturas moldadas na figura de uma pessoa que não vive mais aqui. São as pinturas que desenham e colorem um lugar que hoje em dia está coberto em poluição e cercado de prédios altos. Imagine daqui a uns cem anos como tudo estará? A eternidade é a gente que vive ao ler uma história que antes pertencia só a uma pessoa ou chora a escutar uma música que era para um cara que abandonou a esposa e agora, para você narra perfeitamente uma história de amor que nunca aconteceu para você.

Nós somos eternos, só não viveremos eternamente e há algo de extraordinário em estar vivo e não estar. Pense só nisso.

por Bárbara Herdy.

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