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RESENHA | Rachel Rising (1 - 39)

Por Bárbara Sobral •
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016


Rachel Rising é um quadrinho independente de 2011 escrito pelo americano Terry Moore.
Com mesclas de um terror digno dos mestres, temas sobrenaturais muito bem desenvolvidos, uma história regada de suspense, arcos para dar e vender, muito Girl Power, mortos vivos, o capeta em pessoa e bruxas, meus amigos: NÓS TEMOS BRUXAS!   

                          

Contando a história de Rachel Beck, uma garota de uma pequena cidade rural chamada Mason que precisa encontrar o seu caminho para fora de uma cova rasa e descobre ter despertado dois dias depois do Dias das bruxas com uma marca de cordas em seu pescoço, os olhos vermelhos sangue, e ah, morta. Isso só na primeira edição, após isso Rachel sai em busca de descobrir o que diabos aconteceu com ela com ajuda de sua Tia Johnny, que trabalha no necrotério da cidade, o que deixou ela propensa a loucura e muito cética; sua melhor amiga Jet, uma garota sarcástica que toca baixo numa banda de jazz e trabalha como mecânica e Earl, o amigo de Johnny e também seu colega de trabalho, um gordinho tímido, dominado por insegurança e uma paixão secreta por Jet.


Secundariamente, nós temos a história de Zoe, uma garotinha que tem muito mais segredos do que sua mente de 10 anos pode suportar. Ela é atormentada pela presença de uma mulher misteriosa, a qual tem um plano contra a pequena cidade e precisa de Zoe para lhe ajudar a tornar isso possível; ela só não esperava que Zoe tivesse os seus próprios planos.

Com uma média de 24 páginas por quadrinho, as histórias são contadas através de desenhos envoltos em sequência, reações, cheios de expressividade, detalhes firmes com desenhos detalhados que beiram ao universo Mangá e a realidade, e um visual cru (todo em preto e branco), porém tão perto da realidade, quanto um quadrinho a cores poderia conseguir alcançar. É difícil ler esse quadrinho e não imaginá-lo no formato de uma série para televisão. Na realidade, até as suas sequências são similares (quadrinho por quadrinho) são similares as montadas nas pré-produções de séries de grandes produtoras. Todos os quadrinhos tem uma citação no inicio que magistralmente resume a história contada naquela edição. 

Quando resenhamos um livro podemos escolher o inicio para desfiar e então ir destacando o que a obra tem de melhor para aguçar a mente do leitor a ler, o caminho com a resenha de um quadrinho é o contrário. Resenhar cada 

quadrinho se torna desnecessário por quer existe uma estabilidade no mundo das HQ’s, seja através da forma de expor uma história ou pela forma do desenhista mostrar seu Universo. Outro ponto também, bem diferente de  resenhar um livro é que eu não posso ir desfiando cada arco de todos os quadrinhos, pois em algumas histórias, como essa, cada quadrinho trata apenas de dois arcos (as vezes, só um!) e em algum momento posso acabar revelando um pequeno detalhe, o famoso spoiler e isso ser um balde de água fria  para o leitor, já num livro, existe uma gama maior a ser detalhada. 

O que posso, então expor sobre esse quadrinho, sem levar um soco por estar dando Spoiler?

Como disse lá em cima, Terry Moore lançou independente esse quadrinho, após várias editoras rejeitarem sua história (hoje, eles devem estar bem arrependidos). Eles diziam que ninguém iria querer a história de uma mulher (não muito atraente aos padrões dos quadrinhos) virando uma zumbi, com uma tia lésbica, uma melhor amiga desbocada e uma mini Jack Estripadora. Bom, esse ninguém se tornou uma legião de fãs conquistados, principalmente nos Estados Unidos. Terry vendeu os direitos dos quadrinhos para uma produtora de séries, mas editoras querendo lançar o quadrinho? Nenhuma.  Para lançar os quadrinhos, Terry tira do seu bolso os valores para fazer as tiragens de cada volume. Diferente de um livro com um volume e uma média de 400 páginas, uma história em quadrinhos é lançado em diversas edições com uma média de 20 a 26 páginas, podendo ser lançado quinzenalmente ou mensalmente. Com isso, ele demora um pouquinho para lançar os quadrinhos, tenta manter o valor base dos quadrinhos ($3,99) e vende através do Comixology, uma plataforma de quadrinhos, tipo um Amazon, onde editoras e quadrinistas independentes podem lançar seu conteúdo e receber um porcentagem. 

Com toda essa batalha, Terry não perdeu os ânimos para continuar sua história e os seus personagens, em pouco tempo conquistaram o público e continuam a conquistar timidamente. 

                 

Rachel Beck é uma protagonista de personalidade forte, ela é uma jovem determinada, resmungona, e é esperta. Com um passado pouco desenvolvido, Rachel é quem traz a mudança a Mason. Ao despertar dentro de uma cova rasa, sua vida (ou melhor, morte) desanda por completo. Ela está morta, então porquê ela ainda está aqui e as pessoas podem lhe ver e ela ainda se sente humana? Ela busca auxílio a sua Tia Johnny, o que inicialmente não é uma boa ideia, mas por ela trabalhar num necrotério, Rachel crê que ela saberá como te auxiliar nessa transição entre a vida e a morte.  Jet acompanha a dupla nessa história cada vez com uma presença mais presente e importante, como também Earl. Para Rachel essas pessoas são sua família (ou o que restou delas) e aos poucos, a nossa protagonista faz descobertas marcantes sobre quem ela é e quem ela foi, aos poucos descobrir como e porquê ela foi morta vai perdendo importância, já que a sobrevivência de seus amigos e a existência de Mason acaba por ficar entre um fio.   



Jet é um dos alívios cômicos da história com seu sarcasmo natural. Sua amizade com Rachel tem raízes nas suas infâncias e elas são inseparáveis, logo a morte não será um problema entre elas. Jet trabalha como mecânica e toca baixo numa banda de jazz num bar da cidade. Tem um relacionamento casual com Nico, um personagem pouco explorado, mas diferente de Rachel, Jet é conhecida por ter muitos amores.  



Tia Johnny é o lado cético e racional da história. Seu envolvimento e crença na ciência é mais forte do que o que os seus olhos veem e as provas são colocadas diante de si. Isso vai sendo explorado ao longo da história, principalmente quando ela mesma é colocada sob uma circunstância delicada envolvendo vida e morte.  



Earl é aquele personagem que você não quer que nada de ruim aconteça com ele. Nem mesmo uma unha encravada. Ele é fofo, educado, cavalheiro, tranquilo, apenas se abala com a falta de humanidade dos humanos. De todos os personagens, ele é o que menos se afeta com o mundo sobrenatural a qual eles são emersos lentamente, mesmo que ele não saiba de tudo, Earl é o que reage melhor a tudo, bancando cegamente o seu papel de fiel amigo de Johnny, protetor de Jet e escudeiro de Rachel. 



E quem é Zoe? De inicio, a garotinha aparenta ser, como Rachel alguém perdido no meio do caminho entre manipulações e mortes, mas com o desenrolar do novelo, Zoe não é apenas mais ligada em tudo que está acontecendo em Mason, como carrega em si um importante elo com o futuro. Seguindo os passos de Jet, Zoe é espontânea e debochada, o que para uma garotinha com dez anos cai como uma luva, ainda mais quando é levado em conta que ela é uma garotinha com um passado bem sombrio. 

                                        

De vilão, nós temos o assassino desconhecido de Rachel, como também a presença de uma misteriosa mulher a qual mudou o espírito pacifico da cidade e também, Malus, uma força maligna tão poderosa capaz de trazer a danação não apenas a Mason, mas também ao mundo.

Cabe Rachel descobrir quem é o seu assassino, dar um fim a ele e descobrir detalhes sobre seu passado sem perder a sanidade no processo. Ah, é claro: se manter viva. Quer dizer, morta. Quer dizer, é confuso!



Terry Moore anunciou em seu twitter que Rachel Rising acabará na edição 42 (eu li todos os quadrinhos lançado e posso garantir: tem um significado forte por trás desse número na história, viu?) e em Junho de 2015, ele postou em seu instagram a imagem do roteiro do episódio piloto de ‘Rachel Rising’. Sem muitos detalhes, não sabemos se a série foi comprada por alguma emissora ou se os produtores estão buscando uma emissora, por isso o piloto foi disponibilizado para apresentação.
De qualquer forma, Rachel Rising pode estar chegando ao fim nos quadrinhos, mas talvez, tenha um futuro em alguns anos, na televisão (quem sabe na Netflix ou Showtime, duas emissoras com o porte para tal temática e cuidado para desenvolver a história com fidelidade). Para os amantes de terror, sobrenatural e uma ótima pitada de sarcasmo, Rachel Rising é a sua pedida.

Se você é bom no inglês e quer ler na versão impressa, pode adquirir diretamente com o autor aqui ou se você não liga de ler pelo celular e tablet pode adquirir através do Comixology  e pode ler através do seu kindle, só comprar pela Amazon .


Tenham uma boa leitura!

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