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CRÍTICA | Prey (2014)

Por Bárbara Sobral •
terça-feira, 27 de maio de 2014
Título: Prey
Ano: 2014
Temporada: Minissérie 
Gênero: Policial
Duração: 42 - 45 minutos.
Episódios: 3
Emissora: ITV
Emissora Brasileira: Ainda nenhuma, mas, talvez, BBC ou HBO. 
Direção: Nick Murphy
Roteirista: Chris Lunt
Elenco: John Simms, Rosie Cavaliero, Anastasia Hille, Craig Parkinson, Struan Rodger, e muito mais.
SinopseMarcus Farrow (John Simm, de Life on Mars, Mad Dogs, Doctor Who) é um detetive da polícia, casado com Abi (Heather Peace, de Lip Service), com quem tem dois filhos, Max e Finn. Sua vida sofre uma reviravolta quando ele se torna suspeito de um crime brutal. Após ser formalmente acusado pelo assassinato, Farrow consegue escapar. 
O Chefe Assistente Warner encarrega a detetive Susan Reinhardt do caso, o que a leva a protagonizar uma caçada de gato e rato em Manchester. Enquanto se mantém longe do alcance da lei, Farrow tenta descobrir a verdade sobre o crime pelo qual ele é acusado, com o objetivo de limpar seu nome. 
As únicas pessoas em quem ele confia são seus melhores amigos, o detetive Sean Devlin e a policial Andrea Mackenzie. 




As Desventuras de Farrow


    Quando li a sinopse sobre 'Prey' não fiquei interessada em assistir a minissérie, por mais que tenha atraído a minha atenção. A sinopse dá a entender que é uma série policial do tipo 'mais do mesmo' sendo que contando essa história em outro pais, com outro tipo de motivo por trás dos vilões, uma missão diferente a seu protagonista e personagens, e sem a Angelina Jolie aka 'Salt'.
Numa primeira olhada, não é uma série que grita: Você precisa me assistir agora! 
Entretanto, meu caro leitor, é um pensamento ingenuo, quando você começa a assistir, não quer parar. 
    Não sei qual é o fator viciante: o enredo, os personagens, as sequencias eletrizantes, que um fato puxa a outro, não te dando tempo nem de pensar ou quem sabe, porquê não? Tudo misturado. Esse é o tipo de minissérie que não funciona bem singularmente, você não é saciado só com 45 minutos de episódio, e sim, com o todo. Você precisa do próximo, e é desse tipo de série que eu gosto, que cada vez menos temos visto nas televisões, histórias que sabem contar uma história com começo, meio e fim, mas que mesmo assim, deixa um ponto solto que te faz pensar: Preciso saber o que vai acontecer. Vejamos o próximo agora.
 
    Confesso que não estava enganada quanto ao mais do mesmo. Não há nenhum elemento de novo nessa minissérie, mas isso não torna a história ruim. Eu gostei e fiquei surpreendida com a minissérie como um todo. Foi uma produção muito boa. Há falhas, principalmente de enredo. Ficou algumas pontas soltas e explicações que poderiam ter sido melhores estendidas para uma melhor compreensão, contudo como é uma minissérie algumas coisas precisam ser deixadas de lado, pois o tempo é curto e a compreensão precisa ser direta, básica e imediata, do mesmo modo que um episódio precisa do outro para formar um todo. Não existe tempo para fillers. Outro detalhe que vale destaque é a trilha sonora, só temos 3 músicas em versões acústicas light ao todo, ao fim de cada episódio. Ouso dizer muito bem escolhidas, pois descrevem toda a desventura de Marcus Farrow e os que o cercam. Impossível terminar os episódios, querendo ver o próximo, e é claro, sem ir escutar a música e garantir em sua playlist para continuar a ouvi-la no resto da semana.

                                        

    O protagonista é Marcus Farrow, interpretado pelo ator John Simm (conhecido pelo público por sua interpretação como The Master em Doctor Who) é carismático, ele te faz seguir a história passo a passo, em desejar ajudá-lo em sua missão de limpar seu nome, durante esse caminho, você se comove com a sua trajetória, sente que ele vai provavelmente morrer no fim da minissérie por motivos de: ele só se ferra e você não quer que ele morra, ele não merece e isso é fundamental, esse carinho pelo personagem, se você não se simpatizar por Marcus, pouco se importará com a sua história de sobrevivência.
   Existem poucos personagens nessa história, mas cada um é fundamental para o desenvolvimento do enredo. É uma série britânica, a ironia e sarcasmo desfilam como se estivessem na Apoteose e eu gosto disso, sabe porquê? Isso traz realidade. Um exemplo: Quando a detetive, vê a cena de crime e descreve com um olhar criminal e sabemos o que realmente aconteceu ali, achamos idiota, a consideramos besta e queremos rir, mais por tristeza por Marcus do que por outra razão, mas pare e pense, não é assim? Num século onde crimes passam despercebidos e pessoas ainda são punidas injustamente, Farrow é apenas estatística.
   Pobre Farrow!

Episode #1

There's no need to argue anymore.
 I gave all I could but it left me so sore
And the thing that makes me mad
is the one thing that I had
I knew, I knew, I'd lose you.
You'll always be special to me ♪

(The Cranberries - No Need To Argue)

         O primeiro episódio começa do ponto que Marcus Farrow se transforma na caça da polícia de Manchester, utilizando de um formato que aprecio muito em filmes e séries, há uma volta de 03 dias no tempo para explicar quem é nosso protagonista, como é sua vida, seu emprego, quem o cerca e como ele começa como um bom sumariando e termina o episódio como a caça. 
Marcus é um ótimo detetive, melhor amigo de Sean Devlin, seu parceiro na polícia, que se vê na casa dos 40, solteiro e sem filhos, tem apenas Farrow como sua família. 
Sobre família, Marcus recentemente se separou de sua esposa Abi, eles tem 02 filhos, que ele demonstra amar e se importar muito. Sua vida é a sua família, isso fica claro. Mas seu emprego, é claro, é sua amante.          Ele é considerado o melhor detetive do departamento, o que causa um nariz empinado de Susan Reinhardt, que não só se transformou numa stalkear do seu ex marido, precisando lidar com a derrocada de seu relacionamento e o ver feliz, casado com um filho, que não teve com ela, como também, vê sua posição no emprego abaixo do que ela almeja. Ah, e é claro, ela não consegue tirar um chocolate da máquina de comidas e Farrow precisa dar a ela uma libra para saciar o desejo por doce da colega. Uma cena sem grandes necessidades, mas que mostra uma Susan não acostumada com pessoas sendo gentis com ela e Farrow sendo uma pessoa adorável. Marcus vai averiguar um corpo encontrado, de um homem chamado Omer Hassan, após isso ele e Sean partem para interrogar um homem que poderia ter respostas e é aí que a trama começa. E é também que os furos iniciam. Marcus é ameaçado por Topher Lomax, um homem que está mais pará-la do que para cá, o que chega a ser cômico, mas é ele é um dos que transforma a vida de Marcus de cabeça para baixo. Ele retorna para casa e é surpreendido com a esposa, desfalecida no chão da cozinha esfaqueada. Farrow tenta ajudá-la, mas por algum motivo, a dona Farrow resolveu tirar a faça quando é de conhecimento universal que não deve mover, nem tirar 'corpos' de ferimentos. É claro que ela morre, sendo que não é só ela. De agora em diante, tudo que cerca Marcus se encontra entre uma linha tenha da vida e morte. Susan, que até então se encontrava desolada sem algo de bom em sua vida, consegue se tornar a detetive principal do caso de Marcus e junto de Chang, seu parceiro, eles interrogam Farrow que está mais perdido que cego no meio do tiroteio. Há uma revelação que deixa claro que de duas ou uma: ou ele é um ótimo ator - como Chang disse - ou ele está falando a verdade. Alguém acreditou nele? Claro que não! Senão, não teríamos minissérie. Ele é levado para outro distrito, onde ficará preso até o ter conclusão, além do mais, a coisa não está boa para ele. Ele foi visto na cena do crime por uma testemunha, tinha a chave da casa, mesmo após o termino, tinha alguns machucados de arranhões, que foram interpretados como defesa, quando não foi, havia um buraco na parede causado por um soco, novamente, mal interpretado e é claro, as digitais dele na faca. Aqui retornamos ao início do episódio, 03 dias se passaram, Farrow se encontra no carro, algemado na companhia de um outro prisioneiro. Ele está vai, arrasado, sem a menor idéia do que está se passando em sua vida quando bruta o prisioneiro #3, figurante é claro, e resolve atacá-lo, provavelmente a mando de alguém, o que não é explicado ou simplesmente por não gostar de "assassinos". A arma dele é uma caneta bic azul, que se bem usada, pode fazer um estrago. Eles brigam, Farrow é ferido pela caneta (como na foto), socos e chutes ocorrem, o carro capota, um acidente ocorre e Farrow, é claro, não fica na cena do crime. Desconfiado e temeroso, ele faz a única coisa que pode e foge.
     Ele encontrou uma chance de provar sua inocência em um incidente. Tenta se camuflar, cuidar de seus ferimentos e ele só tem uma escolha: continuar fugindo e se tornar a caça ou solucionar o seu próprio caso e ser a caça, pois se ele for depender da DI Susan, ele vai ser preso e morto na cadeia por algum prisioneiro revoltado. 

Episode #2 

Karma Police, I've given all I can

It's not enough, I've given all I can
But we're still on the payroll

This is what you get
When you mess with us


              (Radiohead - Karma Police)
         

         É claro que tem como piorar. Farrow busca aliados em seus amigos Sean Devlin e Andrea MacKenzie, mas essa busca não termina muito bem quando Farrow descobre que Sean tem a posse dos disquetes que incriminam Lomax, que estavam na casa de Marcus na noite do crime e não só isso, ele tem o telefone de Lomax, o que mostra uma ligação entre eles, muito maior que Marcus poderia esperar.
É claro que Marcus faz aquilo que todos os telespectadores desejaram sanguinariamente: bate em Sean, rouba um dos disquetes e volta a fugir. A ultima tem um pé atrás quando Farrow pede ajuda, mas tenta ajudá-lo discretamente, tentando passar por cima de Susan, que nesse episódio conseguiu conquistar a minha antipatia para sempre - ou até o próximo episódio.
       Ela é competente, mas é cega, fechada e rancorosa. Ela está sim, fazendo seu trabalho, mas em nenhum momento, ela para e pensa: será que Farrow tem razão e ele está sendo caçado por algum criminoso vingativo? Enquanto o episódio desenrola, a dupla fica nessa caçada de cão e gato, um boné ali, um óculos aqui, e Farrow, temporariamente consegue enganar os detetives a acreditar que ele está indo a um lugar, quando na realidade, nem saiu da cidade. Pode não ser o plano mais brilhante, mas na busca da verdade e para reconquistar a sua liberdade - e a guarda de seu filho, Max - tudo vale. Ele sabe que tudo começou por causa da morte de Omer Hassan e os disquetes, e ele segue essas pistas, investigando essa morte, conseguindo interrogar a viúva de Hassan, que não apenas lhe entrega provas de que há muita coisa de podre escondido nesse caso, como a venda do nome de Hassan a um homem chamado Malaqi, mas também lhe revela o nome Alex Chambers, que se torna o grande monstro por trás do inferno na vida de Farrow.

     Enquanto isso, dias se passaram e além de seguir nessa perseguição, Susan não conseguiu muito de Farrow, ela quer pegá-lo agora, mais por uma questão de honra do que por um bom trabalho, fica claro que ela está sendo pressionada e que ela não se sente segura nessa posição. Farrow marca um encontro com Andrea e a pede que encontre Alex Chambers, mas o encontro é destruído quando Susan os encontra.
O final do episódio é eletrizante, Susan não só fica tão perto de conseguir pega lo, como o escuta, pela primeira vez, ela escuta as suas dúvidas e certezas, e é claro, deixa essa mistério na mente de Susan que agora não só está em uma posição desagradável como detetive, mas como humana, pois a insegurança agora não é profissional, é moral. Ele podia ter a matado. Ele é ou não é um assassino frio? Ela não era ninguém, era só pegar a sua arma, uma pedra ou uma caneta bic azul e ele fugiria sem deixar rastros, mas não, ele conta o que descobriu a sua suposta inimiga, pede perdão por ter que machuca- la, mas ele precisa continuar sua busca pela inocência, que se encaminha para o seu fim.
      Falando em fim: E o final do episódio?

O que posso dizer é: Farrow não pode confiar nem na própria sombra. 

Episode #3 

Cold, cold water surrounds me now
And all I've got is your hand
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Or am I lost? ♪

(Damien Rice - Coldwater)
   Chegamos a conclusão de 'Prey'.
Se você espera grandes reviravoltas durante todo o episódio, não se surpreenda se isso só ocorrer nos minutos finais. Confesso que foi melhor assim. Nada é revelado a nós antes do tempo, vivemos a história junto com Farrow, uma ou outra informação já sabemos, mas não interfere na surpresa que é revelada ao fim. A série não perde o seu ritmo em nenhum segundo, pelo contrário, ele ganha. 
   Agora mais perto de descobrir tudo por trás da trama criminal que Farrow caiu feito erro colateral, estamos perto não apenas da verdade, mas como Susan se encontra próxima de capturar Farrow. Com suas dúvidas sobre confiar ou não em Marcus, a DI precisa tomar decisões que irão não apenas definir sua carreira, mas o caso. Farrow quer descobrir quem é Alex Chambers, pois sabe que ele está não apenas envolvido com a morte do 'Omar Hassan' como ele está ligado com a eliminação de sua família. Fica claro nesse episódio que Sean e MacKenzie estão envolvidos em um plano para encontrar Alex Chambers antes que Marcus, o motivo é descoberto quando Marcus invade o apartamento de Sean e o faz confessar o que sabe. Descobrimos então que não só Andrea matou Hassan, como está sendo chantageada por Topher, que a ajudou a sumir com o corpo, junto a quem, Alex Chambers. Toda a evidencia se encontrava aonde? Exatamente. No disquete que Andrea fez o favor de destruir. Um dos grandes momentos do episódio é quando Marcus vai até Topher, só para se prejudicar um pouco mais com a justiça, no entanto ao sair de sua casa, ele percebe que Topher vive em uma rua paralela, em que uma delas, se chama Alexandra Chambers. Mais uma vez, a ironia britânica, Marcus acreditava que o tal 'Alex Chambers' era um homem, mas e se fosse uma mulher? Com isso, ele segue a última pista dessa caçada, visitando Andrea, finalmente descobrindo toda a verdade por trás do assassinato de sua família, mas nada é fácil para Farrow e ele caí em uma nova - e dura - emboscada de Alexandra Chambers. Sendo que, menos ingenuo e muito mais malicioso, Marcus contatou Susan, que graças as suas desconfianças, resolveu dar um voto de confiança nele e acreditar em sua inocência, com isso, ela se encontra na emboscada de Alexandra, a espera do momento exato para pegar a confissão que irá limpar o nome de Marcus Farrow e o devolver a sua merecida vida.

Sem sambas na Apoteose de Manchester, 'Prey' é competente, entrega o que promete: uma série policial com um plano de fundo simples e um enredo interessante, o elenco é bom, uma ressalva a John Simm, que como esperado, está ótimo como Marcus e a Rosie Cavaliero que mostrou um ótimo trabalho interpretando Susan que é tão obsessiva e possessiva com tudo que toca que é impossível se simpatizar com a personagem. Com um protagonista que precisa limpar seu nome a todo custo, enquanto é perseguido, no melhor estilo cão e gato, é impossível desgrudar os olhos da tela e não se simpatizar com a sua causa. Com apenas 03 episódios, vale a pena conferir essa minissérie, que você termina em um dia, que pode não ter uma continuação em produção, mas vale muito dar uma oportunidade a essa minissérie nova em uma tarde fria com uns pães de queijo e caneca de café como companhia. Te garanto, mate, você não irá se arrepender!

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