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CRÍTICA | Crush (2013)

Por Bárbara Sobral •
quarta-feira, 21 de maio de 2014


Título: Paixão Mortal 
Título Original: Crush
Gênero: Suspense

Ano: 2013
Direção: Malik Bader
Roteirista: Sonny Mallhi 
Elenco: Lucas Till, Crystal Reed, Sarah Bolger, Caitriona Balfe, etc.  
Sinopse: A paixão de uma admiradora secreta por um atleta popular do colégio tem um desfecho trágico.


A Linha Tênue entre a Paixão e a Obsessão. 

Preciso confessar, esse filme me surpreendeu - e dificilmente isso acontece.
Eu não dava absolutamente nada por 'Paixão Mortal', o trailer era legal, mas já vi muitos trailers legais de filmes não tão bons como pregavam, assisti apenas por não ter nada mais interessante a fazer - mentira, com certeza eu tinha algo melhor a fazer, mas whatever ... - e porque no elenco tem Crystal Reed (Alison Argent da série sobrenatural 'Teen Wolf') e olha, mordi minha língua.
Imagine minha pessoa, ao fim do filme, se arrependendo amargamente por ter demorado a assistir esse filme. Pois é. Foi isso que aconteceu. E digo mais: saí recomendando esse filme a torto e direito.  

A sinopse não conta muito do filme, o que é bom - e não.
Recomendo que assista ao trailer - na realidade, SEMPRE assista aos trailers.
Muitos podem desistir de um filme bom, pois a sinopse é fraca.
Sinopse é só uma parte de um todo de uma história. Você pode acreditar totalmente no que uma sinopse conta, mas acredite, só histórias óbvias revelam tudo desesperadamente em sua sinopse; histórias únicas sempre guardam o melhor a 7 chaves. 

Entenda, esse é um filme de suspense, o quanto menos se disser em sua sinopse e trailer, melhor.
No entanto, essa sinopse te faz pensar que esse é mais um filme bobo, tipico adolescente com uma pitada de suspense, mas que tem um final óbvio, mas não é.
O trailer vende bem o filme, e principalmente, o final. Eu garanto, você não vai acreditar no que acontece nos últimos 20 minutos! Você estará tão envolvido na história, com diversas certezas jogadas através de pistas durante toda a película que você vai ficar os últimos 20 minutos com o queixo caído, pois o que acontece NÃO passa em nenhum momento em sua cabeça como possibilidade. Garanto! Essa reviravolta foi esperta e bem desenvolvida. Por ser um filme de suspense, você deve esperar por muitas mortes, tipicas nesse gênero, já aviso, que isso não ocorre em 'Paixão Mortal'. Mesmo sendo um filme de suspense, o gênero trabalha com a trama psicológica, muito em foque atualmente, logo não havendo mortes para assombrar os personagens a todo tempo, e sim, ocorrências atípicas e perturbadoras, que podem levar a fatalidade. A película trata o tema com delicadeza e respeito, pode não explicar claramente a doença que assola o psicopata - um dos poucos erros de roteiro do filme -, um tipo de esquizofrenia, contudo isso não atrapalha em nada no entendimento total da história, principalmente pela primeira e última cena do filme que unidas explica cuidadosamente o (des)limite dessa patologia.  

O tema 'paixão' e 'stalkear' são as grandes temáticas do filme e foi explorado em diversos tipos, níveis e patologias. As grandes questões do filme são: Até quando 'seguir' a pessoa que você gosta é normal? Até que ponto esse 'stalkear' é saudável ou se torna doentio?
Em um mundo de redes sociais, que se você permitir, saberemos cada passo, interesse e pensamento seu, se tornando assim a par da vida de seu melhor amigo, daquele parente e colega de turma é fácil, do seu paquera então, que vai ser um ato natural de interesse e busca, mais ainda. Até quando limite é necessário?

O filme mostra 5 relacionamentos diferentes vividos pelos personagens Bess (Crystal Reed), Scott (Lucas Till), Jules (Sarah Bolger), Andie (Caitriona Balfe) e Jeffrey (Reid Ewing) e em todos neles, vemos a inocência, o fascínio, a curiosidade, paixão e o interesse. É perturbador assistir a tímida e introspectiva Bess a observar na hora exata a sua paixão Scott correr na sua rua, ver como ela guarda cada detalhe dele com olhos de apaixonada em um quadro, o seguir em redes sociais se sentindo parte de sua vida, mas, ele nem sequer sabe que ela existe. Bem familiar com a vida de qualquer adolescente apaixonada, não acha? Tirando o fator psicopata. Jules é a garota dos olhos do filme, não é explorado muito sobre a personagem, mas o pouco que é mostrado da a entender que ela é uma jovem inteligente, boa e impulsiva. Tem um relacionamento com o protagonista de vai e vem, que falta apenas compromisso para se tornar algo oficial.
Jeffrey é o garoto tímido que faz coisas estranhas - e perturbadoras - para atrair a atenção de sua musa, Bess, no fundo, ele não sabe como agir. Já Andie é uma jovem adulta, divertida e descolada, dona da loja de discos que Bess trabalha, que está interessada em seu colega de trabalho, ansiosa para que ele de o primeiro passo na pseudo relação deles. A partir desses planos de relacionamento, vemos a paixão e romance jovial, e como algo saudável pode se transformar em algo doentio e fatal. 


Do elenco, preciso dizer que Crystal Reed (gif acima) está ótima em seu papel de introvertida e tímida garota nova na cidade pequena que se apaixona perdidamente pelo bom moço mais popular do colégio. Reed está excelente, ela que em 'Teen Wolf' vive uma personagem instável e insossa, com falta de carisma e personalidade - e que pouco me agrada -, nesse filme, o papel lhe cai como uma luva fluindo do mocinha fofa a garota assustadoramente apavorante. Ressalva ao ator Reid Ewing, que como Reed, também interpreta um ótimo personagem introspectivo e atípico, fazendo até mesmo duvidar da sanidade mental de seu personagem. Quanto ao resto do elenco, tanto Lucas, quanto Sarah interpretam bem o que lhe pedem, e confesso, que Caitriona Balfe poderia ter aproveitado melhor as camadas de sua personagem Andie, mas a atriz não alcança as minhas expectativas, mas também não causa decepção.

O roteiro foi bem escrito, pode não ser uma grande ideia original, mas flui muito bem entre a consequência e o envolvimento a cada nova cena, trata de um tema delicado com cuidado, as apresentações dos personagens são bem maliciosas, lhe mostrando sempre que há algo de atípico por trás daquele sorriso doce do personagem e o roteirista não esquece de fazer com que o telespectador seja parte da trama, o auxiliando a descobrir quem é que está por de trás de todos os acidentes com pessoas em torno de Scott. 
A trilha sonora não é tão boa como poderia ser para um filme atual e jovem (exemplos de trilhas sonoras ótimas de filmes jovens: 'Eu sou o número quatro', 'Crepúsculo', 'Dezesseis Luas' e 'Austenlândia'.), no entanto, faço uma ressalva para a cena entre Scott e Bess em que eles dividem um gosto musical em um encontro inesperado, foi uma escolha interessante. 

Gostei muito do filme - é claro! 
Recomendo a todos que gostam de um bom e despretensioso filme de suspense psicológico - ou que estejam sem algo bom para assistir e fazer.
E é claro, quando você terminar de assistir, vai se questionar se aquela espiadinha na vida do seu paquera é uma curiosidade natural ou uma 'paixão mortal.' ou quem sabe, futuramente, se tornar uma fatal crush

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