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ONE TREE HILL: O QUE PODEMOS ESPERAR DESSA SEQUÊNCIA INESPERADA?

Por Bárbara Sobral •
domingo, 1 de setembro de 2024

 


Quem poderia esperar que no Bingo de 2024, eu estaria riscando esse quadradinho: nós teremos uma nova temporada de One Tree Hill (2003 - 2012). Criada por Mark Schwahn, a série com pegada de melodrama com duas fases distintas, uma narrando as desventuras dos adolescentes de Tree Hill e a outra fase concentrando nas suas vidas adultas, vivendo em Tree Hill, uma cidade fictícia quase um personagem na narrativa dramática sobre os desejos, temores e a vida.

Bebendo muito da dramaticidade de Dawson's Creek e o espirito jovial de Beverly Hills 90210, séries dos anos 90, OTH - para os íntimos - não demorou para ganhar o público americano e internacional conseguindo um ibope estável e aceitável na finada Warner Chanel e um tempinho depois na The CW. No auge das séries adolescentes, como The O.C e Gilmore Girls, One Tree Hill acabou "sofrendo" com a "maldição das séries adolescentes": a vida adulta. Felicity, Beverly Hills 90210, Gossip Girl (2012) e Dawson's Creek sofreram MUITO com esse mal, quando os jovens seguem para a faculdade as dinâmicas modificam, como também o apelo e a complexidade dos personagens que, o roteiro querendo ou não, eles precisarão amadurecer. 

Para escapar dessa muito provável derrocada, os produtores e roteiristas optaram pelo caminho comum e seguro: cortar os quatro anos de faculdade e "recomeçar" a série com um salto temporal com uma vibe mais adulta com problemas mais adultos e os personagens já estabelecidos como adultos - profissional, financeira e emocionalmente. Gossip Girl conseguiu sobreviver a esse período com muitos obstáculos, mas Gilmore Girls teve muitos percalços, ao ponto dos personagens se descaracterizarem - oi, Rory! Talvez, veja bem, eu estou aqui puxando da minha memória e acredito que posso dizer com tranquilidade que One Tree Hill foi um caso de sucesso. Teve problemas? Muitos. Personagens descaracterizados? Na quinta e sexta temporada, para caramba. Personagens e enredos sem sentido algum? Com certeza. Só que no meio disso tudo ainda tinha a nossa Peyton Sawyer, a nossa Brooke Davis, a nossa Haley James Scott. E a história funcionava. 


Quando a série foi cancelada era bem evidente o desgaste tanto nas narrativas, como também na administração da complexidade desses personagens, mas ainda era One Tree Hill. Para os fãs foi uma perda, ouso dizer, compreensível. É perceptível que as séries adolescentes com um ar de novelinha foram perdendo a força ao longo da última década. Teve uma tentativa e outra de tentar reviver o gênero nos streamings, com poucos casos de sucesso.


Foi anunciado (30/08) que One Tree Hill retornará com uma nova temporada. 20 anos depois dos eventos da última temporada, a série narrará as vidas de Brooke Davis e Peyton Sawyer lidando com amor, inseguranças e luto. Produzida por Sophia Bush, Hilarie Burton e Dannell Ackles e a Netflix comprou o direito da série. Além de Sophia e Hilarie, Dannell também retornará como Rachel Gatina. Sem confirmações do retorno de Bethany Joy, James Lafferty e Chad Michael Murray, a Haley James Scott, Nathan Scott e Lucas Scott, respectivamente.


Para quem não acompanhou os últimos anos no fandom, anualmente, One Tree Hill tem eventos unindo boa parte do elenco com os fãs, inclusive um jogo de basquete anual para arrecadar fundos para a caridade. Além disso, Sophia Bush, Hilarie Burton e Bethany Joy desenvolveram um Podcast, o Drama Queens que elas debatem cada episódio das temporadas da série, como detalhes dos bastidores, inclusive os abusos e assédios causados pelo criador e produtor da série, Mark Schawan. Recentemente Hilarie Burton deixou o podcast sob boatos de que ela teria se retirado por conta de discussões com Bethany Joy. Com o anúncio da série e a ausência da confirmação de Bethany, muitos fãs estão preocupados e decepcionados com a possível ausência do casal queridinho Haley e Nathan. 


Então, queria trazer aqui um pouquinho da minha percepção do futuro da série, o que podemos esperar dessa nova temporada e o que pode nos decepcionar. 




1. Netflix.


Não é novidade que a Netflix tem decepcionado com produções rasas e pouco criativas. Entretanto tem um gênero que tem funcionado muito no streaming, as novelinhas românticas com tom dramático como Virgin River e Doces Magnólias. Uma das produtoras da nova temporada participou da produção de Amigas para Sempre, uma série romântica que dividiu a opinião do público. Além disso, por alguns anos One Tree Hill esteve disponível no streaming internacional carregando números fortes para dar esse gás para uma nova temporada. 





2. Produtoras.


O controle da produção está nas mãos de três pessoas - Sophia, Hilarie e Dannell - que conhecem a série, as narrativas e os personagens profundamente. A presença de outras produtoras podem adornar a trama a contemporaneidade, às necessidades do público atual - enredos ágeis, cliffhangers e plot twists dinâmicos - adornados com as narrativas melodramáticas e um mar de personagens principais e secundários. Além disso, Sophia e Hilarie pontuaram no podcast do Drama Queen, muitos problemas narrativos, descaracterização de personagens, como também a ausência de temas políticos e minorias, o que para mim é um aceno para os temas e questões que elas "lutarão" na sala de roteiristas. 




3. Sem Haley, Nathan e Lucas?


Vamos arrancar o band-aid, amiguinhos? Lucas não é um personagem querido. Você pode gostar dele. Você pode defender as ações dele, pode adorar as narrativas dele e os romances do personagem, mas o carisma dele é nulo perto de Brooke, por exemplo. Para quem acompanhou as últimas duas temporadas de OTH, por muitos momentos, eu nem sequer me lembrava que Lucas foi um dia o protagonista da série, pois Brooke e Haley dividiam as tramas gloriosamente. Ouso dizer que me peguei sentindo mais falta da Karen do que dele. Aliás, a Karen e a Debs PRECISAM estar na série!!! 


Perder Haley e Nathan... é, algo. Veja bem, acredito que as últimas temporadas circundaram os dois, em muitos momentos, o protagonismo era de Haley, Nathan e a família deles. Na ausência deles, podemos ter comentários sobre a história deles continuando paralelamente com as narrativas de Brooke e Peyton. Lembrando aqui que Nathan era um jogador de basquete e Haley era uma professora/cantora com filhos, facilmente, eles podem viver em qualquer lugar do mundo, sem necessariamente ter amarras. Com isso, se eles não participarem dessa temporada, isso não impede que eles retornem em uma próxima. Ouso dizer que a falta de confirmação do retorno deles tem cheiro de marketing...




4. O que esperar?


Brooke e Peyton terminaram a série seguindo com as suas carreiras, casadas - com Julian e Lucas, respectivamente - com filhos. Se não me engano, Brooke continuou em Tree Hill, enquanto Peyton seguiu para viver em outro estado com o marido e a filha. De acordo com a sinopse, Brooke e Peyton serão as protagonistas. Fala em amor, inseguranças e luto. Então, não me surpreenderia que Peyton retornasse para Tree Hill após um divórcio com Lucas - o que manteria a porta aberta, caso Chad quisesse retornar para uma participação ou uma temporada completa - ou, por que não, com a morte de Lucas - caso Chad não quisesse mesmo retornar para a série - e assim Peyton viveria um luto, recomeçando a vida na sua cidade natal com Sawyer. Sua carreira poderia ser afetada, mas facilmente reconstruída em Tree Hill. Romanticamente existem possibilidades interessantes. Jake. Recentemente tem surgido muitos vídeos no TikTok e comentários dos fãs da série que até hoje carregam a insatisfação deles não terem sido endgame. A outra opção é Anna. Necessariamente Anna Taggaro não precisa retornar para a série, concordamos no entanto que os latinos e bissexuais foram muito mal retratados na série. Teríamos aqui a oportunidade de Peyton redescobrir a própria sexualidade, algo muito similar com o vívido por Miranda em And just like that..., revival de Sex and The City


Brooke e Julian podem ter se divorciado. Julian pode ter morrido. Levemos em consideração, que como Chad, Austin Nichols pode não querer retornar para a série, contudo eu queria muito que eles estivessem firme e forte. Brooke é uma personagem que buscou por tanto tempo estabilidade, uma família, amor genuíno. Doeria muito assisti-la perder Julian para um acidente ou doença. Se eles se divorciassem, ainda haveria, talvez a possibilidade dele retornar para a série, o que seria muito bem vindo, mas de qualquer modo, não sei se me apeteceria acompanhar Brooke buscando por amor depois de tê-lo encontrado. Lembra o que falei sobre descaracterizar? É fundamental que o que foi narrado no passado se sustente no presente e o futuro aconteça em união com esses dois momentos. Seria tão bonito descobrir que os personagens que mais sofreram por ausências e amores incertos se encontraram no caos e perduram. 


Por fim, como disse, Nathan e Haley poderiam retornar para a série a qualquer momento. Profissionalmente, eles não possuem amarras. Romanticamente não existe Haley sem Nathan e vice-versa Confesso: seria perfeito narrativamente se eles retornassem com Nathan se tornando o treinador do time do Tree Hill High School com Haley tendo seguido a carreira como cantora ou quem sabe como diretora do colégio. Entretanto, se os atores não retornarem - e essa ausência de confirmação não for uma jogada de marketing - a ausência deles não impedem a presença dos filhos deles vulgo Peyton e Brooke viveram a adolescência inteira sem os pais com apoio e instrução de Karen e Keith Scott. Por que elas não podem guiar James e os irmãos sem os pais? Não tolerarei, no entanto, que Haley e Nathan tenham morrido. Contudo, vamos acalmar os corações: se eles não retornarem a série não perde seu brilho. 


Nós temos Brooke, Peyton, Rachel, Skill, Bevin, Mouth, Milicent, Chase, Quinn, Karen, Clay, Debs, Andy, até o Chris Keller, sem mencionar as possibilidades por trás dos filhos dos nossos personagens favoritos em abordar temas interessantes e trazerem neles as essências deles em suas personalidades.




5.  O que pode nos decepcionar?


A ausência de personagens querido podem prender a atenção do público nesse aspecto, como aconteceu com And just like that... que muitos fãs só comentavam a ausência de Samantha, o que manteve a série no Trending Topics a cada nova exibição. Uma tática boa para ter o público comentando, confesso, que a falta de confirmação deles pode ser por isso. Contudo, acredito que ausências serão presentes, até por que, a dinâmica de gravações e foco nas carreiras é diferente depois de vinte anos, não é?


O desenvolvimento narrativo e dos personagens podem desandar muito facilmente vulgo o péssimo retorno de Gilmore Girls, que pode ter matado as saudades de Lorelai e Rory, mas também comprovado que algumas séries devem só não retornar e ficar ali como uma memória boa do nosso passado. 


Luto? Acredito que a pandemia será abordada, até consigo imaginar em qual momento narrativo. Mais do que natural que o tema esteja presente na série. Não é a primeira vez, aliás, a série tratou desse tema em vários momentos em camadas diversas. Contudo, nunca foi um dos temas centrais e a sinopse de apresentação deixa claro que esse será uma tema na vida de Brooke e Peyton. Então, estou preparada para a perda de um dos maridos? Sim. Não estou preparada para perder Karen, Nathan e Haley. Infelizmente, comprando as camisas de SDDS para todo mundo, assim tô preparada.

Netflix tem uma boa dinâmica produzindo séries dentro do gênero dramático novelinha, e honestamente, não consigo ver um streaming melhor para produzir e exibir One Tree Hill, contudo Netflix está longe de ser um streaming que me dá confiança de que conseguirá sustentar temporadas estáveis e boas vide basicamente todas as séries originais do streaming???


Estou empolgada com a nova temporada? Absurdamente. Dei uma choradinha e tudo. Eu sentia que isso aconteceria depois de tantos eventos com muitos atores principais e secundários participando, além do crescimento de comentários e vídeos editados por fãs em redes sociais. Isso mostra um interesse contínuo, um produto com potencial narrativo, nas mãos certas e se o público está saudosista para séries das antigas e uma novelinha beeem melodramática. 


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