Pela Sua Janela Hoje
Pode ser um pensamento egoísta, mas eu torcia que isso fosse me sentir sortuda, forte e positiva, mas eu vi alguém pior do que eu e me senti pior, entretanto com uma coragem digna de Super Herói.
Olhei para fora da janela, vendo aquela paisagem em movimento lentamente ir parando, até que meus olhos, ganharem um foco em particular. Aquela cena, particularmente perturbadora, não deveria ser vista com tanta naturalidade pelos nossos olhos humanos, mas foram vistos pela maioria - ou boa parte eram bons atores e fingiram não se importar enquanto se corriam pela injusta de nosso Estado, País e Mundo.
Menos eu.
Estava a ter um dia complicado.
Não sabia ao certo o por quê. Buscava tal resposta bem no fundo de meu cerne, nomes, motivos, charadas, conceitos, mas não tinha a resposta, apenas tópicos das possibilidades daquele sentimento tão intenso que estava a me corroer.
Ansiosa, com medo do novo, diferente e inesperado.
Sem saber ao certo sobre o amanhã, sobre você e eu e sobre o depois, como de costume, me escondi atrás do meu muro de gelo, sendo rainha da minha montanha solitária de gelo, foi quando meus olhos, através daquela camada fina de vidro viu aquela cena, e acredito, que a câmera lenta se tornou um aspecto da minha vida, e não um efeito especial de filmes.
Reclamamos tanto.
Achamos que nossa vida não é justa.
As provações são pesadas demais para as nossas costas, que nossas vidas não deveriam estar dessa forma, que somos incapazes, inúteis, burros, inseguros demais, sozinhos demais, traídos demais, com um casamento falido, perdidos demais, filhos indisciplinados, trabalho ruim, sonhos destruídos, cobrimos as orelhas como crianças que não querem ouvir a verdade, sem caminho ou direção, nos vemos presos em uma realidade que não é a sonhada, e que, dificilmente, imaginamos como podemos escapar dela, e alcançar, aquilo que almejamos. Então, meus olhos viram aquela cena e eu me questionei: Será que realmente não posso carregar a minha cruz?